Tropical Extravaganza

Sesc Niterói exibe a mostra Tropical Extravaganza

Exposição da artista Yuli Yamagata, com curadoria de Leandro Muniz, acontece até 31 de maio

Tropical Extravaganza

Inspirada em duas referências populares – o álbum de Silvia Machete e as personagens principais da novela “A Usurpadora” -, a exposição Tropical Extravaganza chega ao Sesc Niterói nesta terça-feira, dia 20, e permanece até o dia 31 de maio. A mostra gratuita, assinada pela artista Yuli Yamagata, com curadoria de Leandro Muniz, aborda a artificialidade e a teatralidade do espetáculo, além da dissimulação da troca de papeis, de objetos que assumem papeis de outros pela semelhança de imagens. A visitação será mediada durante todo o período.

O título “Tropical extravaganza” vem diretamente de uma canção de Silvia Machete como síntese de alguns interesses da produção de Yuli Yamagata nos últimos anos: por um lado a tematização de uma suposta natureza (tropical), por outro, o universo do espetáculo. Uma ideia de excesso e gosto exagerado (extravaganza) que aparece no trabalho pela característica dos materiais escolhidos, em contraponto aos procedimentos bastante concisos com que a artista os manipula.

 

Crítica do curador Leandro Muniz

A exposição encena uma sala de estar onde os móveis e acessórios continuam funcionais, mas simulam alguma ação ou mostram alguma personalidade, como se todo o conjunto ganhasse vida, desfazendo a simplicidade do artifício no momento seguinte. Objetos que se disfarçam de outros objetos iguais a eles mesmos. Não à toa, os revestimentos escolhidos para padronizar o conjunto se referem a animais predadores, pateticamente convertidos em objetos de decoração, como declarações de serem puro simulacro. Ainda que insistam em demonstrar, e ao mesmo tempo disfarçar, que têm vida própria.

As peças olham para si mesmas, para o conjunto e para o entorno. Há um fluxo de narrativas que se desdobra em cada uma das associações internas desses objetos e também entre as peças e o espaço, colocando a pergunta sobre estas relações em suspenso. Se o chão e o rodapé têm texturas, o excesso de padrões decorativos por esses trabalhos multiplicam os tratamentos de suas superfícies. Um exercício de decoração que fricciona os limites entre exposição, vitrine e qualquer outro meio de exibicionalidade.

O próprio aparecimento desses trabalhos são um problema central e dizem respeito à forma de percepção que temos em nosso tempo, marcada por reconhecer imediatamente o mundo através de códigos. Ao mesmo tempo, o dado apelativo inerente a esses materiais, aparece no trabalho com algum fundo reflexivo, ao menos sobre o próprio formato exposição, considerando trabalhos que se auto exibem excessivamente, enquanto outros se escondem. Há uma percepção espacial que não privilegia apenas a visão normativa, mas também uma visão periférica e descentralizada. Mesmo que paradoxalmente (ou por isso mesmo) esses objetos sejam devolvidos à condição de imagens planificadas.

Os duplos de Yamagata lidam com humor, com estes materiais que se fingem de outros materiais, pois estes apontam uma maneira de estar no mundo em que o verdadeiro e o falso se comutam, mas não se opõem. Os simulacros não são apenas um substituto rebaixado do real, mas outra maneira de lidar com ele, inclusive transformando-o ativamente. Podemos dizer que uma lógica de simulação permeia a vida contemporânea desde as macro estruturas decisivas para a esfera social, como a política, até as relações mais ínfimas e fundamentais da vida cotidiana, como os afetos e a sociabilidade, a esta altura da história completamente capitalizados, também.

Já não se trata de apenas novamente encenar na arte o mundo do consumo, como na arte pop. afinal, mau gosto e bom gosto aparecem indiferenciados, assim como qualquer outra forma de vida que a princípio não era objetivo de mercado. Podemos dizer que a pergunta sobre como agir diante deste novo estado das coisas é um dos núcleos deste projeto, num esforço de desnaturalizar o habitual, reiterando-o.

 

Serviço:

 

Tropical Extravaganza

Yuli Yamagata, com curadoria de Leandro Muniz

 

SESC Niterói

Rua Padre Anchieta, 56 – São Domingos – Tel: 2719-2119

Data: de 20 de fevereiro a 31 de maio

Funcionamento: de terça a sábado, das 8h às 17h

Visitação mediada

 

Classificação etária: Livre.

Gratuito

 

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