A violência das torcidas Organizadas
De tempos em tempos presenciamos cenas de violência e vandalismo, protagonizados pelos membros de torcidas organizadas onde as agressões sem limites chegam a causar a morte dos membros de torcidas rivais ou de simples torcedores que exercem o seu prazer de ir ao estádio.
É público e notório que essas torcidas possuem um verdadeiro arsenal de métodos de confronto com a utilização de bombas caseiras, barras de ferro e madeiras, morteiros além de habilidades de combate corpo a corpo desenvolvidas nos diversos confrontos que acontecem a cada jogo de futebol nos grandes estádios.
E como já se sabe a cada novo evento renasce o velho discurso de se acabar com as torcidas como forma de diminuir a violência, medida esta que não resolverá o problema, pois acabar com as torcidas significa apenas que os torcedores irão para os estádios sem as camisas de suas torcidas, sem bandeiras, mas com a mesma organização e intenção violenta.
Certamente grande parte da culpa pela crescente violência nos estádios pertence ao estado, que deveria ser o garantidor da segurança pública, e aos clubes de futebol que são na maioria das vezes patrocinadores, facilitadores e acobertadores dos líderes das torcidas organizadas e de seus membros mais violentos, tendo em vista a economia que essas torcidas movimentam com a venda de ingressos, camisas, artigos esportivos etc. E a influência das mesmas no processo eleitoral dos clubes de futebol.
Por parte do estado nota-se a falta de planejamento e de uma política de segurança específica e eficiente seja nas atividades de inteligência que deveria monitorar e prever as ações violentas das torcidas, seja no policiamento nos estádios de futebol e em seu entorno, não conseguindo evitar a entrada de bombas caseiras, e objetos que são utilizados nas guerras campais travadas dentro e em torno dos estádios.
Outro fator que deve ser observado é que nos casos em que o time joga em seu próprio estádio os membros das torcidas organizadas sempre contam com a conivência e colaboração de funcionários e diretores dos clubes que permitem a entrada desses objetos, acesso diferenciado aos líderes das torcidas entre outras regalias.
Como solução deste grave problema se faz necessário um planejamento de segurança eficiente por parte dos órgãos policiais, com um duro cinturão policial em volta dos estádios, revista nas entradas com detectores de metais, cães treinados, entrada das torcidas organizadas por um portão exclusivo onde a revista minuciosa poderá ser efetuada sem a ingerência de funcionários dos clubes, e acima de tudo um serviço permanente de inteligência que possibilite prever e antecipar as ações violentas das torcidas, evitando os confrontos que são publicamente marcados e divulgados pelas redes sociais, e que misteriosamente somente os órgãos policiais não sabem que acontecerão. Além logicamente de se acabar com a venda de bebidas alcoólicas nos estádios de futebol e em seu entorno nos dias de jogos.
Sem essas medidas infelizmente continuaremos a assistir as cenas de guerra e a morte de nossos jovens, muitas vezes inocentes que desejam apenas expressar a alegria de torcer pelo seu time, dando voz a nossa maior paixão nacional que é o futebol.
Prof. José Ricardo Rocha Bandeira
Especialista em Segurança Pública
Presidente do Instituto de Criminalística e Ciências Policiais da América Latina