Mestre Bangbala

História do ogã mais velho do Brasil vira documentário dirigido por Tânia Amorim

Mestre Bangbala é destaque em Memórias do Povo de Santo

Falar sobre negritude abrange diversas esferas, por toda luta, resistência e representatividade de um povo. Idealizado, produzido e dirigido por Tânia Amorim, “Memórias do Povo de Santo” é um projeto patrocinado pela Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Governo do Estado do Rio de Janeiro, cujo objetivo principal é o de produzir uma série de documentários cinematográficos sobre os líderes religiosos das comunidades de terreiro, mantendo viva e documentada parte importante da história ancestral africana e protegendo o legado das religiões de matriz africana.

O documentário narra a trajetória da tradição religiosa afro-brasileira no Rio de Janeiro, apresentando o terreiro como território sagrado, lugar de resgate e preservação da memória negra, um polo de desenvolvimento e difusão da filosofia e da cultura africana e afro-diaspórica. Essa narrativa virá na voz dos protagonistas, as lideranças religiosas, os mais velhos e as mais velhas, os reais detentores desse patrimônio cultural imaterial, buscando preservar o acervo cultural afro-brasileiro, que envolve a cultura e a comunidade afrodescendente. Para que se compreenda a história de hoje, é necessário penetrarmos na história da cultura ancestral, analisar o progresso e aprender a distinguir nas manifestações culturais, principalmente, através da expressão oral, o curso das mudanças na existência atemporal e o escolhido para iniciar a série foi Bangbala, o ogã mais velho e antigo do Brasil.

Luiz Angelo da Silva é baiano da cidade de Salvador, mas adotou a Baixada Fluminense, no Rio de Janeiro, para viver. Já tocou atabaque nos mais célebres terreiros de candomblé do país e esbanja carisma. Bángbàlà é reconhecido pelo Afoxé Filhos de Gandhi de Salvador e do Rio de Janeiro como ogã dos mais respeitados, tendo sido inclusive, enredo da escola de samba Unidos de Cabuçu, no Rio de Janeiro. Também é mestre em capoeira. Como uma grande fonte de conhecimento, ele produz, toca atabaque e qualquer outro instrumento de percussão ligado a religiões de matriz africana. Profundo conhecedor do axexê (ritual fúnebre do candomblé), Bangbala é requisitado em muitos terreiros por todo o país.

A inquietude de Tânia Amorim leva à execução do primeiro produto da série que tem como base apresentar os mais velhos e as mais velhas como reais protagonistas dos documentários, tendo sua liderança afirmada numa perspectiva de protagonismo político e de autorreconhecimento de centralidade civilizatória.

O documentário de 65 minutos, além de promover a mostra temática, impacta positivamente o setor cultural e da educação, ao apresentar como proposta, um trabalho voltado para o público jovem, reunindo professores e alunos em torno das questões antirracistas, em atendimento à Lei 10.639/2003, exibindo nas escolas os valores da tradição africana e sua proposta de vida.

Sobre Tânia Amorim

Idealizadora, pesquisadora e curadora da coletânea de documentários Memória do Povo de Santo, autora e pesquisadora do documentário Bangbala. Tânia é professora de teoria musical, história da música brasileira e história da formação da cultura brasileira. Com toda sua vida dedicada à arte por meio da música, é também professora de canto, cantora, fundadora/diretora musical da Cia. Musical Africanamente. Dedica-se à pesquisa da Cultura de Matriz Africana, afrodiaspórica e afrobrasileira. Desenvolveu pesquisa sobre a obra de Baden Powell, do qual resultou o show Tânia Amorim canta Baden Powell, apresentado em teatros da rede SESC e casas de espetáculo, no Rio de Janeiro e em São Paulo.

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